quinta-feira, 20 de março de 2014

TERAPIAS E TERAPEUTAS





            De acordo com a análise realizada pelo psicólogo americano Alfred A. Barrios, Ph.D. e publicada na revista American Health Magazine, revelou os seguintes percentuais de recuperação em pacientes que se submeteram a três diferentes formas de terapia:

·         Psicanálise: 38% de recuperação após 600 sessões;
·         Psicologia Comportamental: 72% de recuperação após 22 sessões;
·         Hipnoterapia: 93% de recuperação após 6 sessões (cerca de 3 semanas).

Com tantas terapias à disposição, fico questionando por que o ser humano ainda não consegue encontrar o caminho da autocura, que pode ser a grande revolução de todos os tempos? E não é impossível, pois o efeito placebo comprova isso. Mas será que o placebo também funciona com as dores emocionais?

Independentemente de qualquer espécie de terapia fico questionando a análise de Barrios no que ele considera recuperação em ‘n’ dias de terapia, principalmente porque deve levar-se em conta o princípio da relatividade. Pode ser que uma terapia funcione bem para um paciente ou ajude, e para outro não.

Como paciente, já passei por sessões de psicanálise onde o terapeuta não teve a sensibilidade em dar a devida importância ao processo de mudança que desejava na época, preferindo seguir o ‘protocolo’ clínico. Como também já experimentei consultorias de PNL onde a falta de rapport prejudicou a interação entre mim e o consultor, que não se preocupou em observar minha fisiologia geral e, também, utilizou uma linguagem completamente diferente da minha, que é a visual.

Um fator importantíssimo que não pode ficar no descaso é, sem dúvida, a predisposição da pessoa em mudar, melhorar, mexer no que está causando o problema. Conscientemente ela traz consigo o desejo de mudar, mas preferindo a zona de conforto, começa de tudo e não terminada nada: a academia, o regime que termina quando chega a sobremesa, aquele grande projeto ou a viagem dos sonhos vão sendo sabotados. É o tipo de pessoa que conhece todas as cartomantes famosas, já acendeu incensos e queimou velas coloridas, fez banhos com sal grosso e ainda vive cumprindo promessas de 21 dias. Não vendo resultado, fica sem opção ou, ainda, porque começa a somatizar doenças no físico e, então, precisa definitivamente encarar o problema de frente.

Quando ela realmente toma consciência porque já não aguenta mais, ela então reage dizendo: “Chega! Não aguento mais isso!”, instante em que pensa na ajuda de um profissional.

Assim, vale correr o risco de argumentar que o sucesso de qualquer terapia depende não só da técnica, mas também do terapeuta e, principalmente, do paciente. Por outro lado, com base em observações livres, acredita-se que o talento do profissional é a parte mais importante de todo o processo, independente da linha terapêutica que ele estudou e decidiu seguir.

Quando Richard Bandler e John Grinder (1975) desenvolveram a PNL - Programação Neurolinguística, que considerava apenas o processo cognitivo, através de seus estudos de terapeutas eficientes, pressupunha uma relação terapêutica onde o terapeuta sabia o que era melhor para seu paciente. A PNL era considerada como algo que ‘um fazia com o outro’ e isso fez com que suas aplicações parecessem ser manipuladoras em contextos não terapêuticos.

A 3ª geração da PNL, no entanto, vem se desenvolvendo desde a década de 90 e suas aplicações são generativas, sistêmicas e focadas em questões mais elevadas como Identidade, Visão e Missão. Enquanto as duas primeiras gerações da PNL colocaram quase que exclusivamente atenção na mente cognitiva, a 3ª geração expandiu para incluir tantos processos somáticos quanto dinâmicas de um sistema mais amplo, isto é, do “Campo”, fazendo assim uma Unidade da Mente, que vem da nossa conexão e relacionamento com outros sistemas em nossa volta, inclusive o Espiritual.

Seja lá qual for a técnica, o bom profissional é aquele que realmente consegue deixar o seu “mapa” atrás da porta e seja capaz de entender primeiro como ele se relaciona consigo mesmo e, depois, com o seu paciente e, finalmente, com outros sistemas. Dessa forma ele será até capaz de dizer: “Olha, nenhuma técnica ou ferramenta funcionará com você”, mas só quando realmente compreender que o ser humano é um ser sistêmico e as peculiaridades inerentes a cada pessoa, que podem confundi-lo, sejam percebidas. É por isso que defendo, antes de qualquer técnica, o talento profissional, pois uma vez no consultório, ele tem que ser quase um artista para criar um rapport fantástico capaz de deixar o paciente tão confortável quanto se sentiria em casa sozinho cutucando a unha do pé.

A questão é saber se todos os profissionais realmente têm compromisso e dedicação com a profissão que escolheram.

Enquanto a PNL tem cerca de 40 anos, a Psicanálise tem mais de 100, e não é por isso que se deva discutir as diferenças. Enquanto o psicanalista tem uma atitude contemplativa, ouvindo o inconsciente do paciente, com pouquíssimas intervenções, a PNL não se interessa muito pelo conteúdo, mas sim pela forma. Isso não coloca a técnica no patamar das terapias, mas de consultoria, onde qualquer pessoa pode utilizar, desde um Freudiano, um Gestalt, um professor ou até mesmo um marceneiro, sem a necessidade de rotular ou eleger uma coisa como melhor do que a outra, dizendo, por exemplo, (como tenho ouvido muito por aí), que a Psicanálise, está falida. É o tipo de conceito que busca aliviar a barra de quem deseja jogar a culpa na ferramenta e, não, no profissional.

Longe de estar defendendo qualquer técnica, estou apontando o paradoxo que mais percebo em meu consultório, que é o fato da maioria das pessoas terem suas lentes distorcidas. O ser humano muitas vezes opta por não enxergar o que está na cara e passa batido sem perceber o salto significativo que daria se percebesse o que está na sua frente e o que realmente pode ajudá-lo, através do apoio emocional.

Há momentos em que precisamos de alguém observando do lado de fora e que possa nos auxiliar sem envolver emocionalmente com nossos problemas. Alguém que diga a verdade sem receio de nos magoar por causa dos nossos melindres. O melindre significa que ainda não estamos prontos para esse reconhecimento.

Eis aí a importância de um terapeuta, e, como profissional, pressupõe-se pessoa que estudou anos para construir uma bagagem que não pode ser jogada no lixo, mas que também não se deve elegê-lo incondicionalmente como a única solução dos problemas.

Getúlio Gomes
Pós Graduado em Gestão Financeira e Gestão Estratégica de Pessoas para Negócios, Psicanalista, Trainer em PNL e Coach Sistêmicos, consultor, palestrante, autor do livro “Sai desse corpo que não te pertence – Uma maneira divertida de exorcizar a autossabotagem”. Email: getulio.consultor@terra.com.br. www.parceirosdeideias.com.br.

Nenhum comentário:

Postar um comentário