De acordo com a análise realizada pelo psicólogo
americano Alfred A. Barrios, Ph.D. e publicada na revista American Health
Magazine, revelou os seguintes percentuais de recuperação em pacientes que se
submeteram a três diferentes formas de terapia:
·
Psicanálise: 38% de recuperação após 600
sessões;
·
Psicologia Comportamental: 72% de recuperação
após 22 sessões;
·
Hipnoterapia: 93% de recuperação após 6
sessões (cerca de 3 semanas).
Com
tantas terapias à disposição, fico questionando por que o ser humano ainda não
consegue encontrar o caminho da autocura, que pode ser a grande revolução de
todos os tempos? E não é impossível, pois o efeito placebo comprova isso. Mas
será que o placebo também funciona com as dores emocionais?
Independentemente
de qualquer espécie de terapia fico questionando a análise de Barrios no que
ele considera recuperação em ‘n’ dias de terapia, principalmente porque deve
levar-se em conta o princípio da relatividade. Pode ser que uma terapia
funcione bem para um paciente ou ajude, e para outro não.
Como
paciente, já passei por sessões de psicanálise onde o terapeuta não teve a
sensibilidade em dar a devida importância ao processo de mudança que desejava
na época, preferindo seguir o ‘protocolo’ clínico. Como também já experimentei
consultorias de PNL onde a falta de rapport prejudicou a interação entre mim e
o consultor, que não se preocupou em observar minha fisiologia geral e, também,
utilizou uma linguagem completamente diferente da minha, que é a visual.
Um
fator importantíssimo que não pode ficar no descaso é, sem dúvida, a
predisposição da pessoa em mudar, melhorar, mexer no que está causando o
problema. Conscientemente ela traz consigo o desejo de mudar, mas preferindo a
zona de conforto, começa de tudo e não terminada nada: a academia, o regime que
termina quando chega a sobremesa, aquele grande projeto ou a viagem dos sonhos
vão sendo sabotados. É o tipo de pessoa que conhece todas as cartomantes
famosas, já acendeu incensos e queimou velas coloridas, fez banhos com sal
grosso e ainda vive cumprindo promessas de 21 dias. Não vendo resultado, fica
sem opção ou, ainda, porque começa a somatizar doenças no físico e, então,
precisa definitivamente encarar o problema de frente.
Quando
ela realmente toma consciência porque já não aguenta mais, ela então reage
dizendo: “Chega! Não aguento mais isso!”, instante em que pensa na ajuda de um
profissional.
Assim,
vale correr o risco de argumentar que o sucesso de qualquer terapia depende não
só da técnica, mas também do terapeuta e, principalmente, do paciente. Por
outro lado, com base em observações livres, acredita-se que o talento do
profissional é a parte mais importante de todo o processo, independente da
linha terapêutica que ele estudou e decidiu seguir.
Quando
Richard Bandler e John Grinder (1975) desenvolveram a PNL - Programação Neurolinguística,
que considerava apenas o processo cognitivo, através de seus estudos de
terapeutas eficientes, pressupunha uma relação terapêutica onde o terapeuta
sabia o que era melhor para seu paciente. A PNL era considerada como algo que
‘um fazia com o outro’ e isso fez com que suas aplicações parecessem ser
manipuladoras em contextos não terapêuticos.
A 3ª
geração da PNL, no entanto, vem se desenvolvendo desde a década de 90 e suas
aplicações são generativas, sistêmicas e focadas em questões mais elevadas como
Identidade, Visão e Missão. Enquanto as duas primeiras gerações da PNL
colocaram quase que exclusivamente atenção na mente cognitiva, a 3ª geração
expandiu para incluir tantos processos somáticos quanto dinâmicas de um sistema
mais amplo, isto é, do “Campo”, fazendo assim uma Unidade da Mente, que vem da
nossa conexão e relacionamento com outros sistemas em nossa volta, inclusive o
Espiritual.
Seja
lá qual for a técnica, o bom profissional é aquele que realmente consegue
deixar o seu “mapa” atrás da porta e seja capaz de entender primeiro como ele
se relaciona consigo mesmo e, depois, com o seu paciente e, finalmente, com
outros sistemas. Dessa forma ele será até capaz de dizer: “Olha, nenhuma
técnica ou ferramenta funcionará com você”, mas só quando realmente compreender
que o ser humano é um ser sistêmico e as peculiaridades inerentes a cada pessoa,
que podem confundi-lo, sejam percebidas. É por isso que defendo, antes de
qualquer técnica, o talento profissional, pois uma vez no consultório, ele tem
que ser quase um artista para criar um rapport fantástico capaz de deixar o
paciente tão confortável quanto se sentiria em casa sozinho cutucando a unha do
pé.
A
questão é saber se todos os profissionais realmente têm compromisso e dedicação
com a profissão que escolheram.
Enquanto
a PNL tem cerca de 40 anos, a Psicanálise tem mais de 100, e não é por isso que
se deva discutir as diferenças. Enquanto o psicanalista tem uma atitude
contemplativa, ouvindo o inconsciente do paciente, com pouquíssimas
intervenções, a PNL não se interessa muito pelo conteúdo, mas sim pela forma.
Isso não coloca a técnica no patamar das terapias, mas de consultoria, onde
qualquer pessoa pode utilizar, desde um Freudiano, um Gestalt, um professor ou
até mesmo um marceneiro, sem a necessidade de rotular ou eleger uma coisa como
melhor do que a outra, dizendo, por exemplo, (como tenho ouvido muito por aí),
que a Psicanálise, está falida. É o tipo de conceito que busca aliviar a barra
de quem deseja jogar a culpa na ferramenta e, não, no profissional.
Longe
de estar defendendo qualquer técnica, estou apontando o paradoxo que mais
percebo em meu consultório, que é o fato da maioria das pessoas terem suas
lentes distorcidas. O ser humano muitas vezes opta por não enxergar o que está
na cara e passa batido sem perceber o salto significativo que daria se
percebesse o que está na sua frente e o que realmente pode ajudá-lo, através do
apoio emocional.
Há
momentos em que precisamos de alguém observando do lado de fora e que possa nos
auxiliar sem envolver emocionalmente com nossos problemas. Alguém que diga a
verdade sem receio de nos magoar por causa dos nossos melindres. O melindre
significa que ainda não estamos prontos para esse reconhecimento.
Eis
aí a importância de um terapeuta, e, como profissional, pressupõe-se pessoa que
estudou anos para construir uma bagagem que não pode ser jogada no lixo, mas
que também não se deve elegê-lo incondicionalmente como a única solução dos
problemas.
Getúlio Gomes
Pós
Graduado em Gestão Financeira e Gestão Estratégica de Pessoas para Negócios,
Psicanalista, Trainer em PNL e Coach Sistêmicos, consultor, palestrante, autor
do livro “Sai desse corpo que não te pertence – Uma maneira divertida de
exorcizar a autossabotagem”. Email:
getulio.consultor@terra.com.br. www.parceirosdeideias.com.br.
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