sábado, 30 de julho de 2011

O valor de cada um

 
Dizem que somos iguais perante a Deus e perante a Lei, mas nem é preciso andar muito para verificar que o pobre não tem as mesmas regalias que o rico. Enquanto as filas dos hospitais públicos dobram os quarteirões para pleitear uma internação em um quarto coletivo com até quatro pessoas, o rico passa seus momentos de indisposição em hospitais que parecem SPAs urbanos, com direito a TV a cabo, ar condicionado, refeições balanceadas e acompanhantes devidamente acomodados em sofás fofinhos.

Por outro lado, é antagônico ouvir o vizinho dizer que “Meu filho é pobre, mas é um menino de ouro”. É o paradigma social em que ninguém é igual a ninguém, cada um tem o seu valor. A dona de casa dá um duro danado e ninguém reconhece seu valor: lava, passa, cozinha, vai à feira, ao supermercado, cuida das crianças e do marido que não a valoriza e não vê o que ela faz.

Graças a Deus que valor não é inato. Já pensou se a gente nascesse com valor e não pudesse mais alterar nada?

Quem se dá valor não fica comparando, pedindo reconhecimento como se fosse um mendigo. Entretanto, há muita gente buscando reconhecimento para si através de atitudes bobas. Quando você elogia a comida de alguém com aquela frase célebre “Como a sua comida está gostosa”, a coitadinha logo despacha: “Ora, eu nem caprichei, juntei aí o que tinha, ficou muito simples. Nem ‘arrepare’, viu?”.

Claro que vou reparar sim. Se ela deu o seu melhor, então a comida está boa, o bolo está bom, o doce está gostoso. Se a casa está bagunçada, vou reparar sim. Se antes estava bom para ela, por que não estaria bom depois que eu cheguei?

Quando eu faço alguma coisa e dou o devido valor no que fiz é porque me vejo ali. Então eu digo a mim mesmo: “Quem foi que fez?”. Só que fomos programados para sermos humildes, serviçais, por isso temos que arrematar dizendo que “dei o meu melhor, fiz o meu melhor” como se isso fosse o máximo que pudéssemos dar. Se o pai vê o filho falando “isso aqui” que seja, dá logo uma bronca, diz que é feio, que é arrogância. E isso vai ser um peso pelo resto da vida dele.

Por outro lado, tem os que reclamam de tudo como se fosse uma obrigação viver: “Vou ter que fazer a porcaria desse serviço a semana toda?”. Ora, se você não faz nada, é exatamente isso que você é: NADA! Valorize seu trabalho, pois é nele que você está “mostrando” seu valor e pare de arrumar um adversário imaginário. Cada pessoa arruma um adversário imaginário para malhar, senão em quem irá por a culpa?

Ficar no sofrimento é bobagem, pois o sofrimento não lapida ninguém, ao contrário, dilapida. Nem vem com essa mania de dizer que “não consigo” porque também é desculpa. Você não consegue porque não quer. Você não está fazendo bem, não é porque não possa fazer, mas porque não quer. Diz que não consegue porque no fundo não quer conseguir.

Viver assim é jogar sujeira para debaixo do tapete. Todo mundo vê o seu problema, menos você. Se você não vê, então não existe problema e, já que o problema não existe você não precisa fazer nada para mudar. Mas pense bem! Se isso está na sua vida, tem que ter uma causa em você.

Lembre que o inconsciente só nos protege daquilo que é inocente e não do que já é consciente. Preste atenção nisso e trate de se dar o devido valor.

Autor: Getúlio Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário